Verdades e mitos por trás dos famosos colares de âmbar
O aparecimento da dentição de leite nos primeiros anos de vida é um acontecimento natural e benigno que, apesar disso, se associa frequentemente a sinais e sintomas de desconforto na criança e causa ansiedade e angústia aos pais e cuidadores.
Com o intuito de oferecer alívio para as queixas é comum ver-se as famílias recorrem a tratamentos ou produtos «naturais» que podem implicar riscos para a saúde, bem-estar e segurança das crianças.
Neste contexto, vamos falar sobre colares de âmbar que têm vindo a tornar-se cada vez mais populares entre pais e cuidadores como forma de prevenção e/ou tratamento para as queixas associadas à erupção dentária.
· Os colares de âmbar são eficazes para alívio dos sintomas causados pela erupção dentária em crianças?
Não.
Não existe qualquer evidência científica de que a utilização de colares de âmbar tenha efeito anti-inflamatório ou analgésico que alivie o desconforto causado pela erupção dentária (existe, sim, evidência de que não tem qualquer efeito nesse sentido).
A juntar a isto, os supostos efeitos benéficos descritos pelos defensores da sua utilização dever-se-iam a uma substância (ácido succínico) apenas presente num tipo específico de âmbar que, atualmente, não faz parte da composição da maioria dos colares à venda para o efeito (a maioria dos colares de âmbar que se encontram à venda não são sequer de âmbar).
· A utilização de colares de âmbar apresenta riscos para os bebés?
Sim.
A resposta a esta pergunta é um categórico – Sim! A sua utilização é perigosa!
Assim como outros tipos de colares, os colares de âmbar apresentam riscos reais e potencialmente graves para as crianças que os utilizam:
- Risco de estrangulamento – Se o colar ficar demasiado apertado (enrolando-se em si próprio, sendo puxado pela própria criança, etc.) ou ficar preso em algo (um objeto, uma peça de mobiliário, um galho de árvore, etc.) impedindo a passagem do ar por compressão externa das vias respiratórias.
- Risco de asfixia – Se o colar partir e uma peça se soltar, ela pode ser aspirada através do nariz ou boca causando obstrução à passagem de ar para os pulmões com consequente asfixia. O facto de as peças estarem presas separadamente não é suficiente. Basta uma peça solta!
- Também está descrito o risco de infeção devido à sujidade (e bactérias) potencialmente acumulada.
Conclusão:
Em dezembro de 2018, face à documentação e registo de casos de lesões graves e de morte, em crianças pequenas, inequivocamente associados à utilização de colares de âmbar, a FDA (Food and Drug Administration) lançou um alerta para os riscos da sua utilização.
Seguiu-se uma publicação por parte da Academia Americana de Pediatria e outras entidades semelhantes com a recomendação para a NÃO utilização deste tipo de colares (ou de qualquer tipo de colar) por crianças pequenas.
A crescente utilização de colares de âmbar em crianças pequenas, com finalidade terapêutica, preventiva ou meramente estética é um assunto que tem vindo a ser motivo de preocupação também para a APSI.
O risco de asfixia e de estrangulamento com consequente potencial para causar lesões graves ou morte é real e não deve ser desprezado. Por isso, a APSI desaconselha fortemente a utilização dos colares de âmbar (ou qualquer tipo de colar) por crianças pequenas!
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